O Grupo 43‎ > ‎

História

HISTÓRIAS DE UM TEMPO… QUE NÃO VOLTA

Certamente que todos nós já fomos assolados por múltiplas perguntas sobre a vida do nosso Grupo. Eu próprio que estando no mesmo já lá vão uns aninhos desconhecia muitos dos meandros e das histórias do 43. Um dia, ao cair da tarde, conforme havíamos combinado telefonicamente, eu e o Leonel sentamo-nos á mesa de um café e tiramos a limpo todas as dúvidas sobre os primeiros seis anos da vida do Grupo.

Das respostas que obtive vou tentar espelhar o máximo possível numa breve história.

Corria então o ano de 1974, quando o Padre Alcino Vieira (Pároco da freguesia de Leça da Palmeira) e sua irmã, Dª Armindinha (catequista na mesma paróquia), decidiram apresentar o projeto da criação de um grupo de escoteiros em Leça ao Leonel. Assim, os jovens rapazes seriam orientados para os escoteiros e as raparigas para as guias. Este pseudo-pacto duraria até 1992, ano em que o grupo decide abrir ao movimento feminino. As Guias que existiam já nessa altura em fraca expansão, também tinham sido despoletadas pelas mesmas pessoas. Diga-se que o projeto de um grupo de escoteiros em Leça não era novo. Já em tempos passados tinha havido essa tentativa, tendo ficado nessa altura o referido grupo sediado na capela do Corpo Santo. Mas não se sabe como nem porquê, não resultou. O Leonel aparece neste convite porque era namorado de uma das dirigentes das Guias (Adriana), tendo aceitado prontamente o desafio que então lhe colocavam.

Para quem nunca tinha sido escoteiro, abraçar um projeto desta natureza, era um risco, no entanto com o apoio sempre do Padre Alcino e Dª Armindinha tudo era mais fácil. Aliás foram estas duas pessoas que, por terem laços de amizade com responsáveis da Igreja de Cristo-Rei e conhecimento que nesta paróquia existia   um grupo de escoteiros muito ativo liderado pelo Chefe Osório, que despoletaram contactos para a criação do grupo 43. O chefe Osório que por acaso até morava em Matosinhos, dispôs-se a encetar todas as iniciativas (contactos com a sede regional, acompanhamento do funcionamento do grupo nos primeiros meses, etc…) para que este projeto vingasse.

Assim, o Leonel fez a sua iniciação ao escotismo no Grupo 33, sempre acompanhado pelo Chefe Osório. Como o escotismo para o Leonel era algo que não dominava, foi juntando rapazes com idades de lobitos e fazendo com estes ao longo de sete meses reuniões preparatórias, de forma a caminharem neste projeto de forma segura. Também, para o acompanharem neste projeto reuniu-se de amigos como o Fique e o Coelhoso. Este último tendo sempre colaborado com o Leonel, nunca ingressou na A.E.P., mas portou-se sempre como um verdadeiro escoteiro (embora no anonimato).

No dia 6 de maio de 1975 o Chefe Arnaldo Couto, propõe á A.E.P. a criação de um grupo de escoteiros em Leça da Palmeira, salientando os factos de haver na estrutura diretiva dois antigos escoteiros (secretário e vogal) e de este grupo vir a ser acompanhado pelo Chefe Osório. A direção deste grupo que agora se propunha era composta por Presidente – Padre Alcino Vieira; Secretário e Tesoureiro – Aires Pereira; Vogal – Alvaro João da Silva e pelo Chefe do Grupo – Leonel Ramalho. Estava assim criado um novo grupo de escoteiros na A.E.P. que iria ficar sediado na Capela do Corpo Santo. O lenço do Grupo que passaria a designar-se de 43 ficava com as cores vermelho (fundo) e preto (lista a debroar). Estas cores foram escolhidas sem qualquer fim especifico.

A inauguração oficial do grupo deu-se em 16/05/76, tendo para o efeito ocorrido um grande acampamento na Quinta de Santiago – Leça da Palmeira. Os grupos de escoteiros que foram convidados (essencialmente da região norte), e foram muitos, não faltaram à chamada. Nesse acampamento efetuou-se ainda os compromissos dos dirigentes do grupo, bem como dos restantes elementos. Refira-se que entretanto alguns dos que tinham idade de lobito, por força do tempo decorrido, já tiveram que fazer compromisso de escoteiro. O grupo nessa data tinha muitos mais que os dezoito elementos da sua fundação.

O tempo foi passando e o grupo foi crescendo, para não mais parar até aos dias de hoje.

Os acampamentos, que são como alguém já em tempos disse o sal do escotismo, foram muitos, recordando o Leonel em especial o de Vizela, pelas particularidades do mesmo. Mas recordou os muitos que se fizeram na quinta de Santiago, os “Sol Alto”, e outras atividades como por exemplo a campanha "Pirâmide”.

Em 1980 o Chefe Leonel decide “passar a pasta”, conforme disse, porque, entretanto, tinha casado em 1978, a família estava a crescer e o grupo também, não conseguindo estar nas duas coisas a 100%. Encontrou no seu intender a pessoa ideal para transferir a chefia do Grupo (o Chefe José Marta), visto que este estava interessado em aceitar a mesma e dava garantias de continuar o trabalho desenvolvido até então.

Quando por fim o abordei sobre a sua ideia sobre o Escotismo de hoje e como prevê o futuro, alegou conhecer muito pouco (apenas somente do nosso grupo e das guias), daquilo que acontece em Portugal, não deixando, no entanto, de referir que tem um filho que é escoteiro em Arcos de Valdevez. O futuro do escotismo, não sabe bem como poderá evoluir o mesmo, ficando, no entanto, muito contente por saber que a semente do escotismo que lançou em Leça deu os seus frutos e continua a ser liderado por gente que nasceu no Grupo.

Era já tarde, e as horas tinham voado sem que, naquela confusão natural de um café dessemos por isso.

Levantamo-nos e depois de nos despedir-mos seguimos os nossos caminhos. 



 


Figura 1 - Filiação oficial do Grupo 43 na AEP a 8 de Maio de 1975